Vivemos num mundo onde várias coisas estão sempre acontecendo, um acesso ilimitado a informações, facilidades em serviços e comunicação, entre demais oportunidades que temos disponíveis atualmente, afinal, já vivemos o futuro, e isso não é de todo bom, pois desenvolvemos relações que fogem no convívio e interação sociais, estamos longe e distantes, vivendo cada vez mais na superfície, perdendo as profundezas das grandes e boas relações. Mesmo nestas condições, nada foi alterado na pirâmide das necessidades ou prioridades de Maslow, cabíveis a todo ser humano, onde a base é composta por necessidades fisiológicas e de segurança, as que você deve suprir primeiramente, atualmente não temos mais muitos problemas quanto a necessidades primárias e secundárias “teoricamente”, mas quero chegar na terceira necessidade, a necessidade social, ou afetiva.

Uma necessidade cujo nome já é bem sugestivo e preocupante, “necessidade de afeto”, de carinho, de convívio social. Todo o mundo passa por mudanças, estas, onde muitas coisas são perdidas, algumas reformuladas e outras infinidades criadas. Conforme a tradição foi dando lugar a tecnologia, a organização social e rotinas/costumes foram se adaptando a nova concepção de mundo, onde o “bom dia” é dado pelo ‘Whatsapp’ e não com um sorriso pela manhã, ou o jantar que agora é fracionado em horários pessoais e em seus devidos cômodos livres de algum incômodo, onde já foi um momento de reunião e diálogo entre um grupo familiar. Isso pode parecer estranho mas algumas gerações que não tiveram contato com o modelo passado, acham normal esse tipo de comportamento, e até inaceitável voltar aos “primórdios” de poucos anos atrás. Temos que conviver com isso, e ainda assim, tentar cultivar as relações mesmo que não sejam físicas, porque todo humano precisa de interação social para viver com a mente sã, todo mundo precisa se comunicar, interagir, precisamos de carinho, cuidados e amor, principalmente amor.
Esse é um ponto delicado, o amor, pois nem sempre estamos em paz, livres, em plenitude aceitável pra conhecer uma nova pessoa e dividir com ela seu mundo (ou não encontramos a pessoa adequada a uma tentativa), mas, mesmo assim, necessitamos de relações afetivas/amorosas, frustradamente insistimos e acabamos de frente com as temíveis relações superficiais.
O mundo está saturado desse tipo de relação e suas variantes. Interações amorosas sem amor, ou com um amor de base frágil. Por exemplo temos algumas relações que são moldadas pelo medo de mergulhar fundo no relacionamento, pois as experiências são claras quando afirmam que uma hora ou outra, o mundo pode desabar, e causar dor e sofrimento. Assim, um dos lados dessa moeda fica se segurando, ainda preso por correntes mentais em forma de defesa, gerando um efeito maléfico e destruidor em toda a relação, inclusive no parceiro que muitas vezes se entregou de corpo e alma.
Outras relações de superfície se baseiam no status e condição social operante, que por aproximação e acolhimento fará do parceiro participante daquela esfera social, muitos encaram como relacionamentos de interesse, talvez o objetivo seja um interesse pessoal sim, conforto, bens materiais, estabilidade, “oportunidade”, mas a forma como é obtido é através do “amor”, um amor imaginário e fictício onde um lado apenas se maquia com tais sentimentos, fazendo do outro um simples manipulado.

Pode ser vista algumas relações de manutenção ou comodismo, onde não há reciprocidade quando se fala de uma relação séria e duradoura, apenas uma manutenção daquela interação e companhia entre ambos, e que seja bom/maravilhoso enquanto for cômodo para as duas partes, pois quando algum empecilho (comum em relacionamentos) aparece, a fragilidade dessa relação é exposta culminando muitas vezes no fim. Além disso, muitas vezes, um dos lados não fica só na superfície e infelizmente se aprofunda no mágico mundo do amor verdadeiro, este, sofrendo graves lesões por falta de reciprocidade.
Como pode ter visto, os exemplos supracitados revelam relações frágeis, superficiais, onde não houve doação e entrega mútua, onde o parceiro (ou ambos) não confiou(aram) o bastante ou simplesmente não quis(eram), não houve amor de verdade, houve “amor problema” e não o amor que é a resolução dos problemas, não o amor tido por algumas mentes como doença mental de tão avassalador que pode ser, o amor que cura e alimenta. O amor de verdade não vai embora, não desiste, acredita, ajuda, motiva, acende em você uma centelha apagada, te faz uma pessoa melhor, te deixa livre pra ir, mas com a certeza que quando voltar estará lá, aquele amor que voa contigo e toca levemente nas suas asas. Esses são os amores cultivamos em solos férteis, ricos em reciprocidade, carinho, confiança, harmonia, entre outras bases, e a esses se deve toda uma vida.
“O amor é universal, só ele cura as feridas de um coração que tanto apanhou mas ainda insiste em bater, e não vai parar.”
LR